segunda-feira, 8 de abril de 2013

3ª JORNADA PRA NÃO ESQUECER JAMAIS MARCOU O INÍCIO DE ABRIL

Nesta primeira semana de abril, quando se completam 49 anos do golpe civil-militar que legou tantas mazelas para a sociedade contemporânea, foi realizada a 3ª Jornada Para Não Esquecer Jamais, um evento de discussões e intervenções sobre a ditadura militar que foi articulado através do Comitê Pela Memória, Verdade e Justiça do Ceará. Pelo terceiro ano consecutivo a Jornada Para Não Esquecer Jamais é realizada tendo como objetivo levar o debate sobre esse período de repressão, perseguição, tortura e assassinatos, que foi a ditadura militar, para a juventude de Fortaleza, com atividades na UFC, UECE e UNIFOR. Nesse ano a Jornada foi construída pelo Centro Acadêmico de História – Caldeirão, entidade ligada a Federação do Movimento Estudantil de História (FEMEH), o Coletivo Aparecidos Políticos e o Grupo de Arte Callejero, um grupo argentino de mulheres militantes que realizam intervenções urbanas sobre diversas pautas em seu país.
            No primeiro momento da Jornada foram realizados dois atos simbólicos. Um na Faculdade de Direito da UFC, onde foi lançado o Dossiê da Revista Ameríndia do Departamento de História da UFC sobre as Ditaduras Militares na América Latina, seguido de uma exposição sobre as Comissões Universitárias da Verdade, que estão se articulando para serem lançadas na UECE e UFC. Durante a noite foi realizada uma intervenção no Mausoléu Castelo Branco, monumento que celebra a memória de um ditador. Contando com a presença de ex-presos políticos e familiares de vítimas, lá foram lançados na água barquinhos com imagens de desaparecidos políticos para promover e celebrar a memória desses militantes que tombaram na luta contra o regime de exceção.
         



No segundo dia foi realizada uma roda de conversa entre CAHIS Caldeirão, Coletivo Aparecidos Político, Grupo de Arte Callejero e estudantes de História da UFC sobre Memória, Verdade e Justiça, regimes militares e as intervenções de arte-política na Argentina, como parte da recepção de calouros do curso. Durante a noite foi realizada uma mesa-redonda, com expressiva participação dos estudantes da UECE, no Campus do Itaperi, sobre as experiências das ditaduras militares na Argentina e no Brasil, com Vanessa e Lorena Bossi, militantes do Grupo de Arte Callejero e Marcelo Ramos, ex-militante da Federação do Movimento Estudantil de História. O amadurecimento do debate sobre os resquícios que o regime militar legou aos dias de hoje, expressos na criminalização da juventude e dos movimentos sociais, foi bastante ressaltado na atividade e se coloca como um elemento cada vez mais necessário para a reflexão sobre esse tema.
Como ponto central do debate sobre políticas de Memória, Verdade e Justiça na atualidade, foi realizada uma mesa-redonda sobre a Comissão Nacional da Verdade, com Sílvio Mota, do Comitê Pela Memória Verdade e Justiça do Ceará, e Pedro Albuquerque, da Associação Anistia 64/68, discutindo limitações e perspectivas. A Comissão Nacional da Verdade, nomeada pela Presidenta Dilma, já percorre um ano de existência e se torna difícil perceber algum avanço na sua atuação. O atual caráter da Comissão, que já nasce bastante limitada com um número minúsculo de participantes, um tempo de duração que não lhe dá margem para muita produção e uma composição bastante conservadora, passa às organizações e movimentos que militam na pauta um sentimento de frustração e de indignação. O que se aponta enquanto perspectiva é a necessidade de forte pressão popular para se promover, minimamente, avanços na atuação da atual Comissão.
            No último dia foram realizadas exposições de vídeos sobre intervenções do Coletivo Aparecidos Políticos e Grupo de Arte Callejero na videoteca da UNIFOR, e finalizou-se a Jornada com uma oficina teórico-metodológica sobre escrachos e intervenções urbanas, no auditório do Mestrado Acadêmico em História da UECE, seguida de intervenções nos muros da universidade. Colocar em evidência, nos muros da universidade, a memória da luta desses sujeitos que deram a vida pela liberdade em um período tão difícil é importante e extremamente necessário. Promover, para aqueles que passam nos corredores, interesse e reflexão sobre o tema, e, quem sabe, inspirar a juventude daquele ambiente a se mobilizar e lutar pela mudança na sua realidade. Esse é o objetivo da Jornada Para Não Esquecer Jamais!

Bruno Costa, Membro do Centro Acadêmico de História da UECE



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